Lifewide Sessions #1 – Aprendizado incidental no trabalho: o que você ainda não está vendo
Se aprender virou só mais uma tarefa, você está fazendo errado
Inspirado no primeiro capítulo do meu novo livro, Aprendizado Incidental: o poder do lifewide learning (já disponível em pré-venda), o artigo a seguir conecta a proposta da aprendizagem em todos os domínios da vida com os desafios reais do T&D corporativo, propondo caminhos práticos para ampliar o potencial de aprendizagem no trabalho.
Eu comecei a entender, na pele (ou melhor, no dedo), o que é aprendizado incidental.
Era para ser só mais um feriado em família. Mas um erro no acionamento de um guincho de barco virou um acidente feio, com cirurgia, fisioterapia e um longo processo de recuperação. No início, tentei buscar a lição positiva (sou otimista crônico, herança de família). Mas, dessa vez, ela não veio. E foi justamente aí que entendi: nem toda experiência difícil precisa ter um lado bom. Algumas apenas são.
E isso também é aprendizado.
Esse episódio foi o estopim para uma virada na minha forma de enxergar o aprender. Muitas vezes, os maiores aprendizados vêm dos momentos não planejados, imprevistos, incômodos. Mas só se estivermos dispostos a olhar para eles com presença e intenção.
O que aprendi sobre aprendizado (e por que isso importa para T&D)
Chamamos isso de aprendizado incidental: aquele que acontece como subproduto de outra coisa. Ele não exige um plano de aula, mas exige atenção. E, no trabalho, ele está por toda parte:
Na conversa tensa após um projeto que deu errado.
No feedback atravessado que exige reavaliação.
Na convivência com alguém que pensa completamente diferente de você.
Na pausa em que a equipe finalmente verbaliza o que estava entalado.
E o mais importante: esse tipo de aprendizado não acontece automaticamente. Ele depende de uma postura ativa: de quem vive a experiência, mas também de quem lidera, facilita e cuida da cultura de aprendizagem nas empresas.
O que T&D pode (e deve) fazer
Ao longo de 35 anos trabalhando com desenvolvimento de adultos, tenho visto um padrão se repetir: quanto mais pressionadas estão as pessoas por tempo, energia e motivação, menos conseguem aprender de forma intencional.
Mas isso não significa que o aprendizado parou. Ele apenas mudou de lugar.
Se você é de T&D, aqui vai o convite: em vez de tentar empilhar mais conteúdo, ative os aprendizados que já estão acontecendo, mas não são nomeados. Algumas ideias simples, inspiradas por situações reais:
Transforme o erro em espaço de reflexão, não punição.
Depois de projetos desafiadores, não avance direto para a próxima entrega. Pergunte:
→ O que essa experiência nos ensinou?
→ O que eu faria diferente se pudesse repetir?
Incentive o relato da experiência, mesmo quando ela não tem final feliz.
“Algumas coisas quebram e não consertam. Ou consertam, mas nunca mais ficam iguais.”
Essa é uma frase que escrevi depois do acidente. E serve também para o mundo corporativo. O importante não é dourar a pílula: é reconhecer que nem todo resultado precisa virar case de sucesso.
Às vezes, o maior valor está na vulnerabilidade compartilhada. Quando alguém se sente seguro para contar o que viveu, mesmo sem glamour, abre-se um espaço autêntico para o aprendizado coletivo.
Valide o que é aprendido fora dos cursos.
Boa parte das habilidades mais relevantes no dia a dia (comunicação, escuta, tomada de decisão sob pressão, negociação) não são ensinadas em trilhas formais. Elas são desenvolvidas no “campo”, muitas vezes em silêncio. Como T&D, precisamos criar repertório e linguagem para reconhecer esse saber tácito e dar a ele o peso que merece.
Crie rituais de pausa e troca.
No capítulo 1, falo sobre como o excesso de informação, a fadiga da mudança e o cansaço pós-pandemia dificultam o aprendizado intencional. Nesse cenário, o incidental se torna ainda mais importante. Mas ele só floresce quando há tempo e espaço para elaborar o vivido. Diálogos curtos e consistentes, em duplas, trios ou pequenos grupos, podem ser mais potentes do que qualquer masterclass.
Incidental sim. Invisível não.
Aprendizado incidental não é invisível por natureza. Ele só se torna invisível quando não é legitimado – por nós mesmos ou pelas organizações.
O convite que faço neste novo livro é: olhe com mais profundidade para o que a vida e o trabalho já estão tentando ensinar.
Nem sempre será bonito. Nem sempre será planejado. Mas será verdadeiro. E, se bem aproveitado, profundamente transformador.
O aprendizado já acontece. Falta apenas reconhecê-lo (e, claro, agir a partir dele).
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